Tempo de leitura: 2
10/10/2024

Viés de Ancoragem

O viés de ancoragem é um dos principais vieses comportamentais que pode afetar significativamente a tomada de decisões financeiras. Ele ocorre quando as pessoas baseiam suas decisões em informações iniciais ou em valores arbitrários, conhecidos como “âncoras”, e subsequentes julgamentos e decisões são influenciados por essas âncoras, mesmo que não sejam relevantes para a situação em questão.

Em outras palavras, o viés de ancoragem é a tendência humana de dar mais importância à primeira informação recebida do que a todas as informações que vêm depois. Durante a tomada de decisões, o viés de ancoragem ocorre quando a informação inicial influencia a forma como as pessoas interpretam as informações subsequentes e, assim, chegam a uma conclusão.

Imagine que você está negociando o preço de um carro usado. O vendedor oferece um preço inicial de R$ 50.000. Mesmo que você saiba que o valor de mercado do carro seja inferior, é provável que sua negociação gire em torno desse valor inicial. Esse número atua como uma âncora, influenciando sua percepção de valor e limitando sua capacidade de fazer uma oferta significativamente mais baixa.

Outro exemplo comum é quando investidores se deparam com previsões de especialistas sobre o desempenho de ações ou do mercado financeiro. Se a previsão inicial sugere um crescimento de 8%, os investidores podem se ancorar a essa expectativa, mesmo que novas informações sugiram um cenário diferente.

Diversas outras formas podem ser utilizadas como exemplos de vieses de ancoragem, especialmente na área de marketing para influenciar consumidores a comprar um produto. Podemos citar estratégias como: promoções, onde os preços originais servem como âncora e os “novos” preços agem como uma oportunidade única encontrada; planos de assinatura em que há o desconto para quem assinar o plano anual e não apenas mensal; supermercados utilizando preços múltiplos para o produto (leve 3 produtos por x reais); entre outros.

Impacto na Vida Financeira dos Participantes de Planos de Previdência Complementar

No contexto da previdência complementar, o viés de ancoragem pode se manifestar de diversas formas. Por exemplo, um participante pode se fixar no valor inicial de contribuição sugerido por alguém e não revisar suas contribuições periodicamente, mesmo quando sua situação financeira muda ou quando os objetivos de aposentadoria precisam ser ajustados.

Outro cenário é quando participantes se ancoram em metas de rentabilidade passadas, assumindo que esses resultados se repetirão no futuro, o que pode levá-los a tomar decisões de investimento baseadas em expectativas irreais.

Como Evitar o Viés de Ancoragem?

  1. Consciência do Viés: O primeiro passo para evitar o viés de ancoragem é estar ciente de sua existência. Saber que podemos ser influenciados por informações iniciais nos ajuda a questionar se essas âncoras são realmente relevantes para nossa decisão.
  2. Pesquisa e Análise: Antes de tomar uma decisão financeira, faça uma pesquisa aprofundada e considere diversas fontes de informação. Isso ajuda a equilibrar a influência de uma âncora inicial com uma visão mais abrangente do contexto.
  3. Revisão Periódica: No contexto da previdência complementar, é fundamental revisar periodicamente suas contribuições e estratégias de investimento. Evite se fixar em valores antigos e esteja aberto a fazer ajustes com base em novas informações e mudanças em sua vida.

 

O viés de ancoragem é um obstáculo que pode comprometer a eficácia das nossas decisões financeiras, especialmente em um contexto de planejamento de longo prazo como a previdência complementar. Ao reconhecer este viés e adotar estratégias para superá-lo, os participantes do plano podem tomar decisões mais informadas e alinhadas com seus objetivos financeiros.

  • Finanças Pessoais (3)
  • Tudo sobre Previdência (4)
  • Alocação de Recursos (3)
  • Psicologia Financeira (6)
  • Livros e Indicações (4)

Artigos
relacionadas

“Antifrágil” – Nassim Nicholas Taleb

No livro Antifrágil, o estatístico e professor Nassim Nicholas Taleb introduz o conceito de antifragilidade, uma característica das coisas que se beneficiam da desordem, do estresse e da incerteza. Taleb argumenta que, em vez de simplesmente resistir às adversidades, sistemas e pessoas antifrágeis se fortalecem em ambientes desafiadores. Ele aplica essa ideia à vida financeira, […]

Ver mais

“Psicologia Financeira” – Morgan Housel

No livro Psicologia Financeira, o economista e ex-colunista do The Wall Street Journal Morgan Housel explora como as emoções e o comportamento influenciam nossas decisões financeiras, mais do que o conhecimento técnico ou o cálculo racional. Com histórias envolventes e exemplos práticos, Housel destaca como o medo, a ganância, a paciência e a satisfação pessoal […]

Ver mais

“Rápido e Devagar” – Daniel Kahneman

No livro Rápido e Devagar, o psicólogo e ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2002, Daniel Kahneman, explora as duas maneiras pelas quais a mente humana processa informações: o “sistema rápido”, que age de forma intuitiva e impulsiva, e o “sistema devagar”, que é mais racional e analítico. Kahneman revela como esses sistemas influenciam […]

Ver mais

“Pensar em Apostas” – Annie Duke

No livro Pensar em Apostas, a escritora e ex-campeã de pôquer Annie Duke nos ensina a considerar decisões como apostas, reconhecendo a incerteza e a probabilidade que envolvem cada escolha. Em vez de avaliar as decisões apenas pelo resultado final, Duke propõe analisá-las pela qualidade do processo, destacando que decisões bem fundamentadas podem, ainda assim, […]

Ver mais